quarta-feira, 20 de julho de 2011

Peróxido de hidrogénio encontrado pela primeira vez no Espaço

Pode ajudar a compreender formação de água no universo

Investigadores observaram a região da Via Láctea localizada próximo da estrela Rho Ophiuchi, na constelação Ofiúco
Investigadores observaram a região da Via Láctea localizada próximo da estrela Rho Ophiuchi, na constelação Ofiúco
Pela primeira vez, os cientistas conseguiram encontrar moléculas de peróxido de hidrogénio (água oxigenada, em solução aquosa). A descoberta fornece pistas sobre a ligação química entre duas moléculas indispensáveis à vida: água e oxigénio.
O peróxido de hidrogénio é um elemento-chave na química da água e do ozono na atmosfera do nosso planeta. É geralmente utilizado como desinfectante ou mesmo para aclarar cabelo. Esta molécula foi descoberta no espaço por astrónomos que utilizaram o telescópio do Observatório Europeu do Sul (ESO), o Atacama Pathfinder Experiment telescope APEX. O estudo está publicado na revista «Astronomy & Astrophysics».
A descoberta foi feita utilizando o APEX, que se encontra no planalto do Chajnantor a cinco mil metros de altitude, nos Andes Chilenos. A equipa observou a região da Via Láctea localizada próximo da estrela Rho Ophiuchi, na constelação Ofiúco, a cerca de 400 anos-luz de distância.
A região contém nuvens densas de gás e poeira cósmica muito frias (-250º Celsius), onde novas estrelas se estão a formar. As nuvens são principalmente constituídas de hidrogénio, mas contêm traços de outros elementos químicos e são alvos principais na procura de moléculas no espaço. Telescópios como o APEX, que observam na região de comprimentos de onda do milímetro e submilímetro, são ideais para detectar sinais vindos destas moléculas.
“Ficámos entusiasmados ao descobrir as assinaturas do peróxido de hidrogénio com o APEX. Sabíamos quais os comprimentos de onda que devíamos procurar, mas a quantidade de peróxido de hidrogénio na nuvem é apenas de uma molécula para dez mil milhões de moléculas de hidrogénio, por isso para a detecção ser possível são necessárias observações muito cuidadas”, diz Per Bergman, autor principal do artigo e astrónomo do Observatório Espacial Onsala, na Suécia.
A formação do peróxido de hidrogénio (H2O2) está ligada a duas outras moléculas bem familiares, o oxigénio e a água, as quais são indispensáveis à vida. Uma vez que se pensa que a maior parte da água existente no nosso planeta se formou originariamente no espaço, os cientistas estão muito interessados em compreender como é que ela é formada.
Acredita-se que o peróxido de hidrogénio se forma na superfície de grãos de poeira cósmica – partículas muito pequenas semelhantes a areia e cinza – quando o hidrogénio (H) se adiciona a moléculas de oxigénio (O2). Uma reacção adicional do peróxido de hidrogénio com mais hidrogénio é uma das maneiras de produzir água (H2O). Esta nova detecção de peróxido de hidrogénio ajudará os astrónomos a compreender melhor a formação de água no Universo.
“Não sabemos ainda como é que  algumas das mais importantes moléculas existentes na Terra se formam no espaço. Mas esta descoberta indica que a poeira cósmica é o factor que falta no processo”, diz Bérengère Parise, co-autor do artigo científico e director do grupo de investigação de formação estelar e astroquímica Emmy Noether do Instituto Max-Planck de Rádio Astronomia na Alemanha.
O APEX é uma colaboração entre o Instituto Max-Planck de Rádio Astronomia (MPIfR), o Observatório Espacial Onsala (OSO) e o ESO. O telescópio é operado pelo ESO.

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